Quando Jesus disse: "o Pai é maior do que eu” (Jo 14.28). O que ele quer dizer com isso?


Quando Jesus disse: "o Pai é maior do que eu” (Jo  14.28). O que ele quer dizer com isso?


           No Evangelho de João, Jesus diz: "o Pai é maior do que eu” (Jo14.28). O que ele quer dizer com isso?
           Às vezes, quando Jesus faz afirmações diretas que parecem significar uma coisa à primeira vista, é necessário irmos um pouco além da superfície para resolver a aparente dificuldade. Nesse caso, não é necessário esse tipo de trabalho extra. Jesus queria dizer exatamente o que ele disse: “o Pai é maior do que eu Isto é, de certa forma, constrangedor para os cristãos porque temos essa doutrina sagrada da Trindade que descreve a unidade das três pessoas da Trindade — Pai, Filho e Espírito Santo. Aqui, o Filho do Homem está dizendo que o Pai é maior do que ele. Essa é uma das razões pelas quais a igreja sempre professou uma doutrina chamada subordinação de Cristo.

           Note que a doutrina não é chamada inferioridade de Cristo. Enfatizo isso porque em nossa cultura algumas pessoas concluem que subordinação necessariamente implica inferioridade.
           A razão pela qual a teologia cristã tem uma doutrina sobre a subordinação de Cristo é que, embora a segunda pessoa da Trindade seja co-essencial com o Pai (ele é da mesma essência, “genuíno Deus verdadeiro” eterno em seu ser), há uma distinção entre as pessoas da Trindade. Na economia da redenção e mesmo da criação, vemos certas obras atribuídas ao Pai, outras ao Filho, e outras ao Espírito Santo.
           A noção tradicional é que o Filho é gerado do Pai — não criado, mas eternamente gerado. O Pai não é gerado do Filho. O Filho é enviado ao mundo pelo Pai; o Filho não envia o Pai. Jesus disse: “o Filho nada pode fazer de si mesmo, senão somente aquilo que vir fazer o Pai”. Sua comida e sua bebida eram fazer a vontade do Pai. Ele foi incumbido pelo Pai para vir ao mundo para a obra da redenção. Nesse plano de redenção da própria Trindade, um envia o outro, e aquele que envia é tido como maior do que aquele que é enviado, no que diz respeito à economia das distinções e à estrutura com a qual a Trindade trabalha.
           Pela mesma razão, historicamente a igreja, com exceção dos dissidentes da cláusula filioque (assunto de um outro concílio geral da igreja para discutir por quem o Espírito Santo seria enviado, quando houve um cisma entre igreja do oriente e igreja do ocidente. N.T.) tem afirmado que, assim como o Pai envia o Filho, o Espírito Santo é enviado por ambos, o Pai e o Filho. Como o Filho é subordinado ao Pai no trabalho da redenção, assim o Espírito é subordinado a ambos, o Pai e o Filho. Mas, novamente, isso não significa uma desigualdade no ser, na dignidade ou nos atributos divinos. A segunda pessoa da Trindade é totalmente Deus; a terceira pessoa da Trindade é totalmente Deus. Na obra da redenção vemos a expressão da superordenação e da subordinação.