HISTÓRIA DA ESCOLA BÍBLICA DOMINICAL



HISTÓRIA DA ESCOLA BÍBLICA DOMINICAL



O que hoje chamamos de Escola Bíblica Dominical, teve como fundador o jornalista Robert Raikes (1735-1811). Anglicano, Raikes foi batizado na infância na Igreja (Anglicana) de Santa Maria da Cripta e educado na Escola da Cripta, ambos na Rua Southgate, em Gloucester, e, mais tarde, na Escola dos Reis.


Tornou-se aprendiz de Jornalismo com seu pai, dono do Diário de Gloucester. Raikes era natural da cidade de Gloucester, Inglaterra. Em 1757, aos 22 anos, Raikes sucedeu seu pai que havia falecido, assumindo a editoria do jornal Diário de Gloucester, um periódico voltado para a reforma das prisões.


Raikes se interessava pela reforma prisional inglesa, por causas das condições terríveis a que os presos eram submetidos. Certo dia, procurando um jardineiro na Rua Saint Catherine, no bairro de Sooty Alley, ele encontrou um grupo de crianças maltrapilhas brincando na rua. A esposa do jardineiro disse, então, que aos domingos a situação era pior, pois as crianças que trabalhavam nas fábricas, de segunda a sábado, durante horas muito longas, ficavam desocupadas nesse dia, quase abandonadas, passando o tempo brincando, brigando e aprendendo toda espécie de vícios. Elas extravasavam toda sorte de violência nesse dia. Essas crianças, constatou Raikes, estavam a um passo do mundo do crime e ele chegou a ver o destino de muitas delas, ao visitar as prisões de Gloucester.


Nesta pequena cidade inglesa, onde vivia, a delinquência infantil era um problema que parecia insolúvel. Menores trabalhavam em minas de carvão de segunda a sábado, tinham pouca ou nenhuma escolaridade, comportavam-se mal e envolviam-se em todo tipo de delitos e confusões. Raikes, preocupado com o que via começou convidar os pequenos transgressores para que se reunissem todos os domingos para aprender a Palavra de Deus.


Raikes resolveu estabelecer uma escola gratuita para esses meninos. Então, Raikes contratou uma equipe de quatro mulheres no bairro para lecionar, recebendo um xelim e seis pence, cada uma. Com a ajuda do Rev. Thomas Stock, Ministro Anglicano, Raikes pôde logo associar cem crianças, de seis aos doze ou quatorze anos, nestas escolas dominicais. A primeira foi instalada na Rua Saint Catherine. Juntamente com o ensino religioso, os meninos aprendiam disciplinas seculares, como matemática, história e inglês.


Depois de um período experimental, Raikes divulgou suas ideia e os resultados em seu jornal, no dia 3 de Novembro de 1783, data em que se comemora, na Grã-Bretanha, o dia da Fundação da Escola Dominical. Esta experiência foi transcrita em outros jornais. Líderes religiosos tomaram conhecimento do movimento que se espalhava. A idéia de Raikes rapidamente se alastrou pelo país.


Em 1784, eram 200 mil alunos matriculados, crianças estavam sendo ensinadas em todo a Inglaterra. A taxa de criminalidade de Gloucester caiu, com o advento das Escolas Dominicais de Raikes, de forma que em 1792 não houve um só caso julgado pela comarca de Gloucester. No princípio os professores eram pagos, mas depois passaram a ser voluntários. Da Inglaterra a instituição foi para o País de Gales, Escócia, Irlanda e Estados Unidos.


Assim, a Escola Dominical nasceu como um instituto bíblico infantil, operando de forma independente das igrejas, alfabetizando e ensinando a Bíblia às crianças carentes. Algumas crianças, a princípio, relutaram em vir para as escolas porque as suas roupas estavam tão rotas, mas Raikes providenciou tudo de que eles precisavam, inclusive banho e cabelos penteados.


Houve, no entanto, uma forte oposição ao movimento de Raikes, que era considerado por alguns líderes religiosos como um movimento diabólico, porque era à parte das Igrejas e era dirigido por leigos, isto é, pessoas que não tinham formação religosa. O Arcebispo de Canterbury reuniu os bispos para considerar o que deveria ser feito para exterminar o movimento. Chegou-se a pedir que o Parlamento, em 1800, aprovasse um decreto para proibir o funcionamento de escolas dominicais. Achavam que este movimento levaria à desunião da Igreja e que profanava “o dia do Senhor”. Tal decreto nunca foi aprovado.


Em 1802, Raikes se aposentou, e, em 1811, após um ataque de coração, veio a falecer. Seus alunos vieram ao funeral, na Igreja (Anglicana) de Santa Maria do Filão e receberam da Sra. Raikes um xelim e uma fatia de um grande bolo de ameixa cada um. Quando Raikes faleceu, quatrocentos mil alunos estavam matriculados nas diversas escolas dominicais britânicas. Nesse ano ocorreu a divisão em classes, possibilitando alfabetização de adultos.




A ESCOLA BÍBLICA DOMINICAL NO BRASIL



No Brasil a Escola Bíblica Dominical foi fundada pelos Congregacionais Robert e Sarah Kalley, iniciou-se em 19 de agosto de 1855, na cidade de Petrópolis, na casa do médico e missionário escocês de denominação Congregacional, Robert Kalley e sua esposa Sarah Poulton Kalley. Sarah Kalley havia sido grande entusiasta desse movimento na sua pátria, a Inglaterra.


A primeira escola dominical presbiteriana foi iniciada pelo Rev. Ashbel Green Simonton em maio de 1861, no Rio de Janeiro. Reunia-se nos domingos à tarde, na Rua Nova do Ouvidor. Essa escola aparentemente foi organizada de modo mais formal em maio de 1867. Um evento comum em muitas igrejas presbiterianas brasileiras nas primeiras décadas do século 20 era o “Dia do rumo à escola dominical”, quando se fazia um esforço especial para trazer um grande número de visitantes.


Muitos anos se passaram desde que os Kalley organizaram a EBD no Brasil, e inúmeras gerações foram impactadas pelo ensino das doutrinas bíblicas nas salas de aula das escolas dominicais esparramadas pelo nosso imenso território nacional. Hoje, em detrimento a pós-modernidade, o que era absoluto foi relativizado. Os que outrora pregavam sobre a importância da EBD, não o fazem mais. Para piorar a situação, os crentes optaram por fazer do domingo o seu dia de lazer deixando em segundo plano o estudo da Palavra de Deus.


Ouso afirmar que a igreja do século XXI é menos preparada e qualificada a explicar a razão da sua fé aos incrédulos do que as gerações passadas. Como já escrevi anteriormente parte da igreja brasileira, prefere shows e entretenimento gospel a dedicar tempo estudando a Bíblia numa escola dominical.


A conseqüência direta disso é a multiplicação de doutrinas espúrias, como quebra de maldições hereditárias, unções escalafobéticas como a do cachorro, da águia e outras mais, além obviamente do ressurgimento de heresias do passado.


Tenho percebido que em vários lugares deste país, as igrejas abandonaram o hábito de se reunirem aos domingos pela manhã em Escola Bíblica Dominical. Segundo os pastores que mudaram suas rotinas eclesiásticas de suas comunidades, as razões para tal se devem ao novo mundo em que vivemos que por razões obvias exige mais dos seus cidadãos, o que impossibilita ida do crente a igreja duas vezes no mesmo dia.


Bom, até entendo que o mundo é outro, e que alguns conceitos precisam ser revistos, todavia, será que o fato de negligenciarmos o ensino bíblico não aponta para uma inversão na escala de valores do cristão? Será que a pós-modernidade e os conceitos filosóficos do hedonismo não têm contribuído diretamente por um cristianismo mais light onde que importa é o desenvolvimento de uma relação com um Cristo bonachão? E o movimento gospel? Não tem ele contribuindo para a banalização da fé em Cristo?


Caro leitor, Tenho plena convicção de que a Igreja de Cristo precisa regressar a Palavra. Para tanto, torna-se indispensável que reconheçamos que não nos será possível construirmos um cristianismo relevante em nosso país sem que conheçamos as doutrinas cristãs.


Isto posto, oro na expectativa de que os pastores da igreja evangélica brasileira não negligencie a Escola Bíblica Dominical, antes pelo contrário, incentivem os membros de suas comunidades locais a dedicarem suas vidas ao estudo da Palavra de Deus, até porque, agindo assim evitaremos alguns desvios doutrinários e comportamentais.




Evolução no Currículo e nos Métodos



No começo do movimento, ensinava-se às crianças a ler e a escrever, e então a Bíblia lhes era ensinada com proveito. Essa função foi sendo abandonada, à medida que as escolas públicas se foram ocupando da alfabetização. Assim, a Bíblia tornou-se, virtualmente, o único material exposto na Escola Dominical, contando o dinheiro recolhido e quantos alunos frequentam, divididos por classes, a Escola Dominical. Entrementes, a educação religiosa tem assumido um escopo mais amplo, e escolas regulares têm-se tornado uma das funções de muitas igrejas. Isso tem feito a Escola Dominical tornar-se mais especializada.


Várias denominações têm uma literatura especial (revistas), bem como alguma forma de apresentação sistemática de estudos bíblicos. Em algumas escolas também são debatidos temas seculares sob a ótica doutrinária de cada denominação.



Espero que o conteúdo tenha sido útil, até logo!




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