A autenticidade e a necessidade do cristianismo no mundo.
Ageu, dita 520 anos antes de Cristo: "Porque isto diz o Senhor dos exércitos: Ainda falta um pouco e eu comoverei o céu, e a terra, e o mar, e todo o universo. E moverei todas as gentes: e virá o Desejado de todas as nações" (Ageu 2. 6 e 7).
Há cerca de 2000 anos, mas no tempo de César Augusto, apareceu no nosso mundo uma pessoa maravilhosíssima, operou uma renovação extraordinária nos sistemas religiosos existentes. Quanto ao nascimento e posição, ocupava a de um artista, segundo nos informam os evangelistas. A tradição nos informa talvez, acertadamente, que seguiu, como seu pai adotivo, ofício de carpinteiro. Algumas versões dos Evangelhos confirmam esta tradição.
O mundo, estava esperando intensamente a vinda de alguém de importância, porém não o esperava entre as camadas humildes da sociedade. O aparecimento a que aludimos atraiu, portanto, pouca atenção. Contudo, esse nascimento foi admiravelmente atestado com prodígios, tais como o aparecimento de uma estrela e visões de anjos. Deu-se na época apontada por Daniel (Dn 9.25-27); no lugar indicado por Miqueias (Mq 5.2); na ocasião o recenseamento dos habitantes da Judeia, mandado fazer por Augusto, imperador romano, que demonstrou oficialmente que, tanto da parte da mãe como da do pai, o recém-nascido era da linhagem da casa real de Davi, da tribo de Judá, da família de Abraão, como estava predito claramente nas Escrituras judaicas.
Não é nossa intenção dar os pormenores dos fatos maravilhosos relacionados com o nascimento, vida e morte de Jesus Cristo. Muitos estão cientes disso; e todos têm facilidade de se informarem, caso queiram. Ele declarou nada menos que isto: ser o Filho de Deus; ser um com Deus; enfim, o Messias, "o Desejado de todas as nações", o libertador esperado pelos judeus e pelos gentios.
Não forma parte do nosso propósito argumentar sobre a autenticidade dessas declarações. Muitos as admitem, outros não. Outros ainda têm investigado bem o fundamento em que se apoiam, mas todos admitirão que é um assunto por demais importante para se tratar de forma apressada; nem as provas nem as evidências se poderão aduzir no pouco espaço de que dispomos.
Recomendamos, contudo, àqueles que ainda não estudaram o assunto, fazê-lo desejosos de apurar a verdade. A investigação não é proibida a ninguém. Alguns intelectos mais elevados, verdadeiros luminares da humanidade tais como Milton, Newton e outros têm se entregado a esse estudo e têm aceitado sem reservas a verdade daquelas informações.
Propomos-nos tratar aqui dos fatos históricos e da doutrina que Cristo introduziu e de forma resumida. Jesus asseverou que a sua missão era curar e salvar um mundo cheio de pecado, ser uma luz para os que estavam nas trevas e guiar todos os que seguissem a sua direção para a paz, para a santidade, para o Céu. Passou a vida fazendo bem ao corpo e à alma dos homens, e a propagar, inculcar e explicar as suas doutrinas. Associou-se aos humildes, aos ignorantes, a Os necessitados e aos pecadores. Recusou honras reais quando lhe foram oferecidas, e desprezou toda a ideia de governo ou grandeza secular, como impróprios ao seu reino, que declarava ser de natureza espiritual.
Morreu (contra a expectativa dos seus seguidores) como malfeitor, às mãos do governo romano, por instigação de seus desa-pontados compatriotas, os judeus. Mas disso, tanto Ele, como os profetas antes dele, tinham predito. Tanto na ocasião da sua morte, como na do seu nascimento, ocorreram prodígios, tais como terremoto e escuridão sobrenatural numa ocasião em que, segundo as leis da natureza, era impossível haver eclipse do sol (Todos os eclipses do sol devem suceder por ocasião da lua nova. Jesus Cristo foi crucificado por ocasião da festa da Páscoa, sempre celebrada na lua cheia). Esses prodígios foram relatados às autoridades de Roma e registrados em seus anais...
Para tornar a sua vida mais assinalada na história do mundo (independente da sua importância sob o ponto de vista religioso), Cristo ressurgiu da sepultura, como tinha predito, apesar da guarda romana, e apareceu repetidas vezes a seus amigos e seguidores durante quarenta dias, subindo depois para o Céu na presença deles. A realidade destes fatos é testificada como ainda não o foi outro fato da história. Estes fatos estão citados por testemunhas oculares em não menos de cinco narrações diferentes.
Também muitos outros livros, escritos por pessoas que assistiram aos acontecimentos, se referem a eles e os confirmam. E, o que é digno de nota as testemunhas destes fatos viajaram por terra e por mar para espalharem a notícia, sem lhes descobrirmos nenhum dos motivos que usualmente influem os homens a agir. Eles nada ganharam com as suas asserções, senão perseguição, insultos e desprezo; muitos deles voluntariamente sacrificavam suas vidas como testemunho da sinceridade das suas afirmações e da sua fé.
Repetimos: Nem um fato da história foi comprovado tão abundantemente como os fatos que se prendem à vida, morte e ressurreição de Cristo. Aquele que rejeita estas verdades deve estar preparado para crer: primeiro, que uns cento e vinte indivíduos, pelo menos, se combinaram para espalhar uma falsidade com a qual nada lucrariam, mas que lhes podia ocasionar a perda de tudo que o mundo preza, até a própria vida; segundo, que tais pessoas, se culpadas de falsidade, inculcavam e exerciam a virtude, coisa não comum; terceiro, que todos eles persistiram na afirmação de uma falsidade, sem ninguém descobrir a natureza da conspiração ou combinação (se ela porventura existia); quarto, que muitos deles selaram o seu testemunho com o próprio sangue, quando a simples confissão do seu erro (se tal tivesse sido), lhes teria poupado a vida.
Quem pensais então que está certo - aquele que aceita uma declaração garantida por testemunhas oculares, não contraditadas por aqueles que o teriam feito, se pudessem, ou o homem que rejeita a qualquer testemunho, aceitando todas as conseqüências da rejeição?
Devemos agora deixar os fatos relativos à introdução ao Cristianismo, e considerar, também resumidamente, a natureza da doutrina, ou ensino, introduzido por Cristo, ou seja, o caráter do sistema denominado Cristianismo. Isto, diga-se de passagem, não admite dúvida quanto à sua realidade. Ainda que mal entendido, e, por isso, deturpado, o Cristianismo é um fato cuja existência ninguém terá coragem bastante de negar.
O paganismo era essencialmente sacerdotal. O Cristianismo ensina que não é mais necessário um sacerdócio medianeiro e sacrificador; que Cristo abriu um "caminho novo e vital" de acesso a Deus e convida a todos os seus seguidores a chegarem-se a Ele diretamente por Cristo.
O paganismo, como o judaísmo, impunha continuamente, por qualquer transgressão, sacrifícios sem conta; o Cristianismo ensina que "Cristo foi uma só vez imolado para tirar os pecados de muitos", e que "com uma só oferenda fez perfeitos para sempre aos que tem santificado". Cristo substituiu os ritos, e as oferendas cruéis, custosas e enfadonhas, pela fé, operando por amor a Deus e aos homens.
Em lugar do perdão comprado, o único alcançado entre os pagãos, por meio de oferendas custosas, Cristo ofereceu salvação e perdão gratuitos ao mais pobre, "sem dinheiro e sem preço". Enquanto o paganismo só introduzia os abastados, os sábios, e os grandes nos seus mistérios, Cristo mandou que a sua mensagem fosse levada especialmente aos pobres, aos pecadores e aos simples, e isso mesmo Ele fez.
Longe de permitir a crueldade, Cristo ensinou: "Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia." Longe de louvar a vingança ou o ódio tão comuns entre os pagãos, Cristo ensinou a doutrina até então nunca ouvida. "Eu vos digo: amai a vossos inimigos, fazei bem aos que vos têm ódio, e orai pelos que vos perseguem e caluniam." Ele próprio guiou-nos neste difícil caminho orando pelos seus algozes: "Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem.".
FONTE: AS CATACUMBAS DE ROMA, de Benjamin Scott, p. 57, 58 e 59.